terça-feira, 21 de agosto de 2012

Michael Greenspon, do The New York Times, defende paywall no CBJ

Executivo da New York Times Company mostra como os paywalls se tornaram viáveis

Na abertura do 9º Congresso Brasileiro de Jornais (CBJ), em São Paulo, o gerente geral do Departamento de Serviço de Notícias do “The New York Times”, Michael Greenspon, apresentou as estratégias que levaram uma das maiores empresas jornalísticas do mundo a uma bem-sucedida experiência de monetização de conteúdos no ambiente digital.

O sistema implementado pelo “Times” no digital, diferentemente dos sistemas  adotados pelo inglês “The Guardian” (baseado em open journalism) e pelo “Washington Post” (baseado em crowdsourcing) – dois sistemas também inspiradores, hoje, para o setor jornal – , fundamenta-se em assinaturas digitais (paywalls) em plataformas diversas, conforme as necessidades dos assinantes.

“O modelo do Times, até o momento, é o mais elaborado, e seu sucesso alterou a relação percentual entre publicidade e circulação, com aumento significativo para este último”, disse Silvio Genesini, diretor presidente do Grupo Estado e proprietário da Agência Estado. “Pela primeira vez estamos experimentando a multiplicação dos pães”, brincou Genesini.
Michael Greenspon acredita que o jornalismo pode ser majoritariamente pago por audiências que valoriza uma “elevada qualidade de conteúdos”. “O primeiro passo foi reestruturar o negócio, reduzindo custos, preservando, porém, a redação central”, diz Greenspon. “Por meio de pesquisas concluímos que a qualidade do conteúdo jornalístico interessa aos ‘cidadãos do mundo’ e, mais que isso, é um grande negócio.”

As pesquisas indicaram que cerca de 40% da audiência do digital estava disposta a pagar por conteúdo online. “Hoje, 75% dos nossos assinantes no impresso usam (e pagam) pelo digital também”, revelou Greenspon. Isso ocorreu em um intervalo de tempo relativamente curto. Em 2009, quando surgiu o iPad, o “Times” se concentrava apenas na Web. “Ficou evidente a disparidade entre o potencial dos tablets e o potencial dos smartphones, e apostamos nessa diferença.”

O “Times”, então, passou de “jornal tradicional em papel que também publicava no online” para “serviço de notícias e notícias sindicadas” com atuação em múltiplas plataformas e atento ao público majoritariamente jovem dos usuários de redes sociais. Greenspon diz que ainda não sabe ao certo como monetizar a relação entre as empresas jornalísticas do Grupo e as redes sociais.

“Por enquanto, acredito que entre os usuários dessas redes sociais há muitos potenciais futuros assinantes do ‘Times’.” No Brasil, hoje, apenas “Folha” e “Zero Hora” têm sistema de paywall.

A presidente da ANJ, Judith Brito, abriu o 9º Congresso Brasileiro de Jornais no dia 20 de agosto, afirmando que o importante, no momento, é “pensarmos em novos modelos de negócio, assim, no plural. Não um modelo único ou ideal”. O evento ocorre no World Trade Center, em São Paulo.

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