terça-feira, 23 de julho de 2013

China e União Europeia preparam acordos climáticos e ambientais*

Encontro em Pequim promete medidas para lidar com a poluição do ar e com o tráfico ilegal de animais; também devem ser apresentados incentivos para a formação de um mercado de carbono na China

O governo chinês tem surpreendido a muitos com suas recentes ações para minimizar o impacto do seu crescimento econômico no meio ambiente e no clima mundial.  Nos últimos dois meses, foram diversas medidas internas e de cooperação internacional para reduzir a poluição do ar, melhorar a gestão de resíduos e cortar as emissões de gases do efeito estufa.

Por exemplo, no começo de junho, o país firmou com os Estados Unidos uma parceria para trabalhar em conjunto nas áreas de captura e armazenamento de carbono, redes elétricas inteligentes, corte da liberação de poluentes no transporte, eficiência energética e monitoramento de gases do efeito estufa. 

Agora, nesta sexta-feira (19), os chineses sentaram para negociar com a União Europeia novos acordos ambientais e climáticos.
Janez Potočnik, comissário para o Meio Ambiente da UE, está em Pequim com uma comitiva que reúne 50 empresários e representantes de associações comerciais europeias para um encontro com Zhou Shengxian, ministro de Proteção Ambiental da China, e com companhias estatais e privadas chinesas.

“Estamos focados em três áreas: poluição com metais pesados, poluição da água e do ar e tratamento de resíduos. Mas não viemos até Pequim para fazermos apenas discursos, a expectativa é anunciar medidas concretas”, disse Potočnik.

Espera-se que sejam apresentados novos padrões às indústrias chinesas, para que fiquem mais próximas do que as suas concorrentes europeias são obrigadas a cumprir no que diz respeito à liberação de poluentes, gases do efeito estufa e tratamento de resíduos.
Limitar os impactos industriais no meio ambiente virou uma das principais bandeiras do atual presidente chinês, Xi Jinping. Protestos populares cobrando melhor qualidade do ar, por exemplo, são comuns em praticamente todas as grandes cidades, já que em 2013 foram registrados mais dias com ar impróprio para a saúde humana do que dias com boa qualidade.  
Uma pesquisa recente, realizada por cientistas chineses, norte-americanos e israelenses, indicou que toda essa poluição, que está relacionada à queima de carvão, pode encurtar a vida de 500 milhões de chineses em cerca de 5,5 anos.

Mercado de carbono

O encontro também deve resultar em algum tipo de ajuda para que a China adote mais rapidamente um mercado de permissões de emissão de gases do efeito estufa no modelo do Esquema Europeu de Comércio de Emissões (EU ETS).  

A China lançou no mês passado o primeiro de sete esquemas piloto de comércio de carbono, e está preparando um limite nacional para as emissões para 2016. O mercado começaria a ser implementado a partir de 2015.

No ano passado, a UE já havia criado um fundo de €25 milhões para financiar iniciativas climáticas e ambientais na China, incluindo €5 milhões para apoio técnico.

“Queremos aumentar nossa cooperação nesse sentido. Sem a China será muito difícil, na realidade praticamente impossível, adotar um acordo climático até 2015. Assim, ajudá-los é um interesse europeu”, afirmou Isaac Valero-Ladrón, porta-voz da Comissão Europeia.

*Autor: Fabiano Ávila  -  Fonte: Instituto CarbonoBrasil 

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