sexta-feira, 16 de maio de 2014

Bem-vinda, Two Sides! Por Fabio Arruda Mortara*

Visões herméticas jamais foram compatíveis com a evolução humana e as transformações positivas da história, por mais que regimes totalitários, em distintas ocasiões, tentassem impingi-las. Por isso, é constrangedor constatar que, em plena afirmação do capitalismo democrático, ainda se difundam conceitos equivocados. Exemplos da anacrônica prática são os falsos questionamentos sobre o caráter sustentável da comunicação impressa.

Sempre reagimos a essas falácias, não só no âmbito da indústria gráfica, como em ações articuladas da cadeia produtiva, incluindo uma campanha nacional de valorização de nosso produto e de uma sistemática cruzada na mídia jornalística, que sempre nos abriu espaços para esclarecer o tema. Agora, nos engajamos no maior, mais abrangente e forte movimento global disseminador de como a mídia gráfica é atraente, prática e sustentável.

Refiro-me à Two Sides, iniciativa inglesa já presente em quatro continentes, que valoriza a comunicação gráfica e esclarece com sucesso a sua sustentabilidade. Depois de numerosas gestões e cuidadosa preparação, o Brasil passa a integrar a campanha, que dissemina informações comprovadas de que o impresso é protagonista de ganhos econômicos, ambientais e sociais e que agrega muito valor à civilização. Nosso engajamento oficial, em 7 de abril, em reunião do Comitê da Cadeia Produtiva do Papel, Gráfica e Embalagem da FIESP (Copagrem), do qual somos os coordenadores, é uma relevante conquista!

Sob o testemunho de Martyn Eustace, diretor da Two Sides no Reino Unido, que fez questão de comparecer ao lançamento no Brasil, nossa meta é atingir integralmente a sociedade, sensibilizando os formadores de opinião, setor público, clientes e fornecedores da indústria gráfica e toda a nossa cadeia produtiva, área do ensino e os consumidores de informação e conteúdo. Mostraremos o significado econômico de nosso setor e seu caráter sustentável. E o faremos aliados a mais 42 importantes entidades da cadeia produtiva, dentre elas a ANER (Associação Nacional dos Editores de Revistas) e a ANJ (Associação Nacional de Jornais), estratégicas para a ampla difusão dos conteúdos da campanha.

O trabalho será realizado sem críticas a qualquer mídia, mas com uma visão progressista e pluralista. Não devemos ver os novos meios como ameaça, mas como oportunidade. Sempre haverá mercado para o impresso e o eletrônico. Cabe a cada segmento aperfeiçoar-se, atender às necessidades específicas de seu público, manter a qualidade e se mostrar insubstituível (Two Sides tem o mérito de evidenciar isso!). Creio que a difusão do conhecimento e da informação não deva prescindir de todas as alternativas, e quanto mais as pessoas forem cultas, preparadas e conscientes, maior será a demanda de livros, jornais e revistas, impressos e eletrônicos.  

Assim, é despropositado o vaticínio relativo à extinção do impresso e sua substituição pelo eletrônico. A rigor, sequer há antagonismo entre ambos. São complementares na missão civilizatória de democratizar o conhecimento, na qual se ancora a mais concreta esperança de corrigirmos os problemas da sociedade globalizada e viabilizar um futuro melhor. É preciso romper o paradigma do canibalismo de uma mídia tecnologicamente revolucionária contra as anteriores. A história mostra que não tem sido assim, pois nenhuma dessas profecias fatídicas concretizou-se.

Nos dois lados da moeda da comunicação gráfica a sustentabilidade tem forte presença, pois é economicamente viável e ambientalmente correta. E se ela cair em pé, nos permitindo um olhar tridimensional, veremos com clareza que também promove a distribuição de renda e a justiça social. Tudo isso ficará mais claro para a opinião pública com o advento da exitosa campanha global em nosso país. Bem-vinda, Two Sides!


*Presidente da Abigraf Nacional (Associação Brasileira da Indústria Gráfica) e do Sindigraf-SP (Sindicato das Indústrias Gráficas no Estado de São Paulo.

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