quarta-feira, 27 de abril de 2016

Empreender para sobreviver é a nova máxima do País – Por Reginaldo Gonçalves*

A instabilidade econômica e política e o crescente desemprego têm flagelado o País. Segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 10,2% dos trabalhadores estão fora do Mercado. Em termos nominais, são 10,4 milhões de pessoas desempregadas.

Para ‘driblar a crise’, muitas pessoas estão buscando alternativas para a geração de receita no empreendedorismo. De acordo com o Governo Federal, anualmente o Brasil ganha cerca de 600 mil novos negócios. Além disso, existem em torno de 1,5 milhão de microempreendedores individuais. Em valores absolutos, o País está apenas atrás da China, no número total de empreendedores, ou seja, 21,1 milhões.

Embora seja uma alternativa viável, construir um novo negócio é tarefa árdua, pois envolve uma série de questões legais, tributárias e financeiras. “O início de uma atividade empreendedora não é fácil, pois, além de necessitar de investimentos de tempo e dinheiro, esbarra em questões culturais e mercadológicas, como baixa rentabilidade do empreendedor, conhecimento do mercado, viabilidade do negócio e aceitação do público, dentre outros fatores”.

Por conta da instabilidade da moeda e um mercado afetado por rupturas conjecturais e políticas, o professor salienta que o preço dos produtos e serviços, estimulados pela inflação, prejudicam a lucratividade do empresário, desestimulando os futuros empreendedores na busca de estratégias que viabilizem seus negócios.

No entanto, o especialista pondera que a crise vivenciada nos últimos anos fez florescer o desejo e o espírito empreendedor de parte da população, principalmente pelo grande índice de desemprego que assola o País e a necessidade de sobrevivência.

“Ser empreendedor é ser um sonhador, é buscar, por meio do seu trabalho e muitas vezes teimosia, a satisfação do desafio de sustentar um negócio. É uma mudança de paradigma. Infelizmente, nem todos têm um espírito empreendedor e acabam desenvolvendo negócios de sobrevivência duvidosa e que inicialmente parecem ser excepcionais, mas que, no decorrer do caminho, apresentam fragilidades, como falta de capital de giro e clientela , lucro baixo ou prejuízo, levando o investidor à falência”.

Conforme analisa o especialista, a máxima para sobrevivência de qualquer negócio, principalmente em períodos de crise, é a busca frenética de uma atitude empreendedora que vise a excelência, fazendo do insucesso um aprendizado para a melhoria contínua, sustentação e vida do negócio.

“Esse comportamento contínuo consiste em agir como um executivo e deixar de pensar como empregado. Um negócio faz-se de maneira estruturada, com mapeamento, estudos, análises e aprendizados que possam assegurar a sua subsistência”.

Ele salienta que algumas regras são importantes no portfólio de negócio. Dentre elas: fazer uma análise do cenário do mercado escolhido para empreender; traçar um plano de negócios estruturado; disponibilizar um capital de no mínimo três meses para que possa arcar com as despesas fixas; não efetuar gastos desnecessários na abertura do novo negócio, pois imobilizar dinheiro facilita a perda de capital de giro; buscar um profissional da área contábil para orientar a melhor alternativa tributária; ter iniciativa na pré-venda e pós-venda, analisando as necessidades do cliente nas duas etapas; organizar fluxo de caixa para acompanhar os embolsos e desembolsos no período; efetuar a demonstração do resultado para acompanhar a performance da empresa a título de resultado econômico e buscar a captação de recursos em instituições e parceiras para diminuir o risco dos juros altos, que podem prejudicar a lucratividade.

Conforme afirma o contabilista, a sobrevivência da empresa, além da atitude empreendedora, depende de regras que, muitas vezes, são abandonadas nos momentos de crise, em virtude do imediatismo, fazendo com que o negócio padeça.


*Coordenador do curso de Ciências Contábeis da Faculdade Santa Marcelina (FASM)

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